A Allianz Trade melhorou 48 ratings relativos ao Risco País em 2024, mais do dobro em comparação com 2023.

  •  Em 2024, a Allianz Trade melhorou 48 ratings relativos ao Risco País (+27 vs 2023) e piorou apenas 5 (+1 vs 2023).
  • A tendência positiva poderá facilmente inverter-se em 2025-2026, com as tensões geoeconómicas a pesarem na confiança das empresas e no mercado.
  • Globalmente, Portugal apresenta um Risco País baixo.

A Allianz Trade lançou o seu segundo Country Risk Atlas, uma publicação emblemática centrada no Risco País, tendo por base o conhecimento especializado que a líder mundial em seguros de crédito construiu ao longo de décadas. O Country Risk Atlas assenta num modelo proprietário de classificação de Risco País que é atualizado trimestralmente com os últimos desenvolvimentos económicos e dados próprios da Allianz Trade. Fornece uma análise exaustiva e uma perspetiva dos fatores económicos, políticos, ambiente empresarial e de sustentabilidade, que influenciam as tendências do risco de incumprimento das empresas, a um nível macroeconómico.

Portugal apresenta um Risco País baixo na análise Country Risk Atlas da Allianz Trade, com um crescimento económico moderado, mas resiliente. Portugal tem registado um ritmo de crescimento sustentado nos últimos anos, com uma melhoria global do desempenho económico face à sua fraca posição após a crise da dívida soberana da zona euro. Além disso, Portugal conseguiu reduzir a sua dívida pública de 134,1% do PIB em 2020 para 97,9% em 2023, devido ao forte crescimento nominal do PIB e às reformas de consolidação orçamental. O saldo orçamental regressou a um excedente em 2023 e, de acordo com as previsões da líder mundial em Seguro de Crédito, é provável que se mantenha positivo, apesar de estar a diminuir, até 2026. Caso o défice orçamental se mantenha baixo, a dívida pública deverá estabilizar.
 

Country risk melhorou significativamente, mas há desafios pela frente

Em 2024, o “Risco País” registou uma melhoria significativa, com 48 economias a melhorarem a sua classificação e apenas 5 a piorarem. A tendência positiva registada em 2023 é agora ainda mais acentuada, com os upgrades a mais do que duplicarem (+27) e os downgrades a permanecerem estáveis (+1).

“As economias que viram os seus ratings melhorados representam cerca de 17% do PIB mundial. Os upgrades ocorreram sobretudo nas economias emergentes: A América Latina registou o maior número de upgrades (13), seguida da Europa Emergente (10) e da Ásia-Pacífico (9). Entretanto, a maioria das revisões em baixa verificou-se na região do Médio Oriente, incluindo o Barém, Israel e Kuwait, em resultado das tensões prolongadas na cadeia de abastecimento e dos preços do petróleo bruto abaixo do limiar de rentabilidade fiscal” afirma Luca Moneta, Economista Sénior para os Mercados Emergentes da Allianz Trade.

No entanto, o Risco País continua altamente exposto às tensões geopolíticas e financeiras previstas para os próximos meses. Estas poderão ser exacerbadas por uma nova materialização de riscos de abrandamento.

“Embora as perspetivas económicas mundiais tenham melhorado, graças à desaceleração da inflação, à recuperação dos fluxos de crédito e à melhoria das condições de liquidez, muitos países com baixos rendimentos continuam a apresentar condições de negócio menos favoráveis, enquanto as economias com elevados rendimentos enfrentam uma incerteza política prolongada. Além disso, devemos ter em conta que dois terços das atualizações do Country Risk Atlas que fizemos no ano passado se baseavam em indicadores de curto prazo, o que indica que estas melhorias são cíclicas e potencialmente reversíveis. Perante este cenário, as empresas devem estar atentas às suas estratégias de crescimento no contexto das tensões geopolíticas e da crescente onda de protecionismo. É provável que as cadeias de abastecimento se tornem ainda mais complexas, o que torna ainda mais importante monitorizar o risco de cada país.”, afirma Aylin Somersan Coqui, CEO da Allianz Trade.
 

A fragilidade da recuperação: o que as empresas têm pela frente?

  • Segundo a Allianz Trade, vários fatores podem perturbar a dinâmica positiva em 2025-2026. Estes elementos incluem:
  • Tensões geopolíticas: os conflitos sociais, políticos e institucionais intensificaram-se no final de 2024;
  • Riscos de guerra comercial: aumento do protecionismo e o potencial para conflitos comerciais completos;
  • Agitação civil e polarização: aumento da polarização nos mercados avançados e emergentes.

Ana Boata, Diretora de Estudos Económicos da Allianz Trade, conclui: “Uma guerra comercial generalizada é uma grande preocupação: a perda de atividade económica daí resultante e o regresso das pressões inflacionistas prejudicariam provavelmente a confiança dos investidores, mantendo-os num modo de “esperar para ver” prolongado. Ao mesmo tempo, a crescente polarização, já evidente em muitos países, impõe custos económicos significativos, enquanto intensifica as divisões sociais. A frequência e a gravidade da agitação civil também estão a aumentar, impulsionadas por fatores como a inflação, os ajustamentos orçamentais e o atraso no crescimento da produtividade. Neste contexto, os decisores políticos devem colmatar o crescente défice de confiança e atenuar os riscos de polarização.”